Bastidores 027: Novo livro de Joël Dicker e clássico de Patricia Highsmith na última caixa de 2020

Os livros

O enigma do quarto 622, de Joël Dicker

Joël Dicker inaugurou o intrínsecos com O desaparecimento de Stephanie Mailer. Não foi, portanto, nenhuma surpresa que o seu mais recente lançamento, O enigma do quarto 622, voltasse ao clube com exclusividade para os assinantes.

Com uma carreira invejável para os seus 35 anos de idade, Joël retorna às livrarias com o tipo de trama investigativa que o consagrou: cotidianos charmosos, personagens ambíguos, disputas românticas e uma rede de suspeitos que vão de improváveis a totalmente acusáveis a cada capítulo. Mas, por trás desse thriller — sucesso de vendas na França (foi o romance mais vendido no país em 2020) — até certo ponto bastante clássico em sua forma, há pelo menos duas inovações: pela primeira vez vemos como protagonista um escritor chamado Joël e a cidade de Genebra como cenário.

Em uma noite de dezembro, o sofisticado hotel Palace de Verbier, nos Alpes Suíços, é palco de um assassinato que permanece não solucionado, já que a investigação do crime nunca é concluída pela polícia. Alguns anos depois, o escritor Joël decide tirar alguns dias de férias e se hospeda nesse mesmo local. Lá, uma surpresa o aguarda: seu quarto é o 621 bis, a nova nomenclatura do agora estigmatizado 622, o que o leva a mergulhar em uma investigação sobre esse caso emblemático. As pesquisas de Joël nos levam ao universo dos bancos suíços e das disputas de poder bestiais que se encerram em ambientes onde circula uma quantidade de dinheiro inimaginável. Segredos, mentiras e traições envolvem esse assassinato e são o fio condutor do romance.

Por fim, cabe ao leitor decidir se Joël é o mestre da literatura policial da atualidade e se a presidência de um banco vale os horrores, a falta de moral e a falsidade embutidos nos personagens que participam dessa disputa feroz.

 

Em águas profundas, de Patricia Highsmith

A caixa de dezembro contou com um brinde especial: livro e revista extras. Esgotado no Brasil há décadas, Em águas profundas, de Patricia Highsmith, chegou em edição de luxo, em capa dura metalizada, guarda especial e fitilho.

Seis décadas após a revolução sexual dos anos 1960, chegamos a um ponto em que enfim podemos falar abertamente sobre variadas formas de amar e de se relacionar: relacionamentos abertos, trisais, poligamia e tantas outras, incluindo a assexualidade. Por isso o leitor mais desavisado pode deixar escapar o quão inovador e impactante foi o enredo de Em águas profundas para a literatura de então — afinal, estamos falando do ano de 1957 (os protestos estudantis que marcaram o início da ruptura de muitos paradigmas sociais só aconteceriam na França em maio de 1968).

A obra acompanha os desdobramentos do acordo que Vic propõe à mulher em nome da praticidade e da filha pequena: já que ele não tem interesse físico por ela, Melinda pode ter quantos amantes quiser, desde que não pense em divórcio. Homem culto, dono de uma editora de livros selecionadíssimos, Vic vê no arranjo a oportunidade de encontrar nos homens escolhidos pela esposa alguém com que dialogar e se entreter nos inúmeros coquetéis e happy hours que marcaram a época.

O problema é que os eleitos por Melinda não passam pelo crivo de Vic: são todos rasos, estúpidos e sem o mínimo de verniz social. Embora Vic não se incomode com o fato de todos na cidadezinha saberem da promiscuidade da esposa, a qualidade dos amantes dela o ofende. Na tentativa de afugentá-los sem com isso sacrificar o próprio orgulho, dado momento Vic se diz o responsável pelo assassinato de um deles. Essa mentira dá início a uma cadeia de eventos que culmina em muita manipulação psicológica e sangue.

Em águas profundas foi lançado em 1957, mas lança luz sobre temas infelizmente ainda muito atuais: mansplaining, gaslighting, violência psicológica e física contra a mulher. O livro é mais uma prova da maestria de Patricia Highsmith em destrinchar o lado sombrio da psiquê humana e estar muitíssimo à frente de seu tempo. Uma leitura fundamental.

 

As revistas

O enigma do quarto 622, de Joël Dicker

Na última revista intrínsecos de 2020, dois escritores destrincham as ricas tradições literárias que Joël Dicker segue em seu novo livro. Alberto Mussa examina um dos mais explorados expedientes do romance policial: o crime cometido em um ambiente circunscrito, que limita os suspeitos. E, como o próprio autor aparece como investigador na narrativa, Socorro Acioli revisita grandes romances (e um filme) que, para celebrar a literatura, recorrem a autores-personagens e a histórias dentro da história.

O jornalista Diogo Schelp explica por que os bancos suíços se tornaram as mais secretas instituições financeiras do mundo. E o também jornalista Mario Mendes propõe uma brincadeira: apresenta ao leitor cinco dos melhores hotéis de luxo do mundo e em cada um deles há um crime, como no estabelecimento do livro, mas só um aconteceu de fato. Você acertará qual é?

 

Em águas profundas, de Patricia Highsmith

Acompanhando Em águas profundas, enviamos também uma revista extra especial — algo inédito no clube. A editora convidada Isabela Boscov, jornalista e crítica cinematográfica, nos apresenta Patricia Highsmith e investiga como os temas abordados em suas obras atravessaram décadas. O jornalista e escritor José Francisco Botelho se debruça sobre os vilões da autora para entender o que os torna tão encantadores e assustadores, e Jerônimo Teixeira analisa o cenário da história, o subúrbio americano que esconde segredos sórdidos por trás de sua aparência serena. Por fim, Thales de Menezes explora os impactos do trabalho de Highsmith no cinema.

 

Marcador e cartão-postal

O marcador e o cartão-postal revelam a arte da capa da edição que chegará às livrarias pelo menos 45 dias após ser enviado no clube, em um formato diferente, sem o acabamento especial da edição do intrínsecos.

 

Intrínsecos digital

Além da revista, o assinante do intrínsecos também tem acesso a conteúdos extras exclusivos sobre a obra do mês no espaço intrínsecos digital. Em dezembro, inspirados nas festas de Em águas profundas, convidamos Francesca Sanci, gastróloga especialista em cerveja e coquetelaria, para elaborar uma carta de drinques exclusiva para os intrínsecos! Também criamos wallpapers sombrios inspirados na obra!

A trama de O enigma do quarto 622 se desenrola por Genebra e pelos Alpes Suíços. E, para expandir essa viagem literária, o ilustrador Victor Beuren criou um mapa interativo em que é possível passear por ruas, casas, hotéis e restaurantes descritos na história e descobrir mais detalhes sobre cada lugar.

 

4 comentários sobre “Bastidores 027: Novo livro de Joël Dicker e clássico de Patricia Highsmith na última caixa de 2020

    1. Oi, Valéria! As caixas anteriores estão disponíveis exclusivamente para os assinantes. Para adquiri-la, é preciso fazer parte do clube novamente e conferir a loja intrínsecos, onde as caixinhas já enviadas estão disponíveis.

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